E pensar...
Ouvir meu pai falar é o máximo.
Fiquei encantada, não só pelo som da sua voz, a risada, mas pelas estórias que conta. Dois casais de amigos, minha mãe e eu, estávamos todos curtindo uma preguiça no último final de semana quando saiu assunto de infância, todos falando ao mesmo tempo..surras, castigos, sumiços, trabalhos, daí ele começou a contar sobre a sua. Um deleite.
Descobri que era meu pai quem selava o cavalo para meu avô trabalhar às seis horas da manhã, com apenas dez anos de idade, descalço. Nunca reclamara. Nem poderia. Às vezes o pasto estava alto, e o cavalo sumia, havia serenado a noite inteira, e mesmo assim, sumido lá no meio, todo molhado, não reclamava.
Plantavam café. Meu bisavô, meu avô, minha avó, meu pai e dois de seus irmãos. Eram apenas crianças, e adoravam competir entre eles, quem colhia menos café, ou demorasse mais tempo em uma fileira (ou carreira..sei lá), tinha que carregar as ferramentas, ou o maior saco de café.
Dia de festa era quando matavam porcos na fazenda em que eles trabalhavam, somente pelo fato de sair mais cedo do trabalho.
A única vez que apanhou com gosto da minha avó, foi quando xingou um vizinho de FDP. Foi pra nunca mais esquecer (e eu juro de pé junto, que em toda minha existência nunca o vi pronunciando um "palavrão")...
Quase sempre era o "mentor" das artes, por ser o irmão (homem) mais velho, comandava as bagunças e os outros tinham que obedecer. Foi em uma dessas que derrubou um irmão de uma árvore diretamente no rio, quase o deixando sem as "partes baixas". Pior arrastou o coitado machucado embora pra casa, e chegando lá sua mãe estava com visitas. Interromper jamais, era surra na certa. Infelizmente além de quase "decapado" o coitado do meu tio ainda apanhou da mãe. Bom, pelo menos foi socorrido a tempo (e pelo que consta está perfeitamente normal..rs).
E pensar que passou por tantas coisas...artes, surras, castigos, medos...e ainda hoje conversa comigo pelo Skype ou MSN, como qualquer outro amigo de minha geração. Amo a modernidade.
Aguardem...tenho muito mais a contar sobre essa minha paixão.
6 Comments:
Ai...
Aproveita MUITO seu paizinho e suas histórias....
Me deu uma saudades do meu, de ouvi-lo pela milésima vez contar alguma história, alguma piada. Saudades da risada dele...
Curta muito mesmo....
Dê um beijo nele por mim
Re
Morta de saudades...snif...
bjus
Rê,
Muito bom mesmo...mas a modernidade as vezes maltrata...tem dias que ele manda aquelas carinhas sofridinhas, ou chorando do msn, dizendo que está beje de saudades, posso com isso?
Bju
Isa,
É só imaginar ele na rede, ou na cadeira de balanço nova...muda nada...
Bju
Oi Dani. Adorei os "causos" do seu pai. Morri de rir aqui. É impressionante a educação que o povo tinha naquela época, né? Hj em dia, as crianças e adolescentes se acham os reis de tudo e andam por aí, sem um pingo de educação.
Bjos.
Menina,
Isso é só o começo. A educação era assim mesmo, filhos não escutavam conversa dos pais, não podiam permanecer na sala quando tinha visitas, bastava os pais dar "aquela" olhada que já dizia tudo.
Bom e velhos tempos.
Agora apanhar com as "partes baixas" machucadas só porque chorou perto das visitas, é osso.
Bjus
E volte sempre.
Dani, meu pai tb foi criado na roça, bem como minha mãe, e são cheios de histórias do tipo. Uma delícia de ouvir não?
beijo
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